Professor: o tema da semana é escravidão moderna ou Amiguinhos: não tomem a p* desses vinhos

Tema das aulas dessa semana: a escravidão das vinícolas do sul maravilha do Brasil. Tema da conversinha regada a vinhos dos meus amiguinhos de esquerda: a escravidão das vinícolas do sul maravilha do Brasil. Que ninguém saia sem que não se tenha feito alguma ação, de uma aula que una o currículo formal com a barbaridade humanística que salta dos séculos passados para o tecnológico Séc. XXI, até um simples e talvez ineficiente boicoite declaradamente público dos vinhos das marcas Aurora, Garibaldi e Salton.

Professores, a produção de vinho é uma atividade humana milenar, mais antiga que a escrita, e é a segunda bebida mais consumida. Por qualquer ângulo humano, dá para ter um gancho na sua aula. "O vinho traz tudo isso em si, todos esses vieses. Campo, biodiversidade, regeneração, manejo, clima, geologia, cultura, economia, política, antropologia, arqueologia, tecnologia, pesquisa científica, ética, saúde, gastronomia, bem viver", dizem especialistas. Mas é para aproveitar o gancho para transformar essas informações em Conhecimento de como tais indústrias voltadas para a elite - algumas delas, e não todas, ressalte-se - continuam a se abastecer de desumanidades como desde quando não sabíamos escrever! O objetivo não pode ser mais claro: criar indignação nos nossos estudantes e que ela produza uma base de combate hoje e no futuro. 
Já meus amiguinhos de esquerda - lembro que nem todos nós de esquerda somos hipócritas e 'descolados da realidade empírica', mas me assusto cada vez mais com a quantidade dos que são: é preciso que façam alguma coisa! Como bem dito pelo cronista Antônio Prata, ao falar de outra tragédia humanitária, a do norte litoral paulista, "é impressionante a imutabilidade da história brasileira. A nossa elite é incapaz de viver sem a dependência permanente de uma senzala". 
Bão, eu estou aqui esperneando! Trazer o assunto à baila nos seus circuitos, já é uma boa. Mas bom mesmo seria vinhos das marcas serem expostos nos seus perfis antenados com sua prestigiosa opinião de 'não consumam essa p* de vinhos até que seus fabricantes provem que não usam mais trabalho escravo', de preferência com um laudo do Ministério Público ou coisa asssim!

Mas melhor mesmo seria ser uma pauta que saia da bolha espumante das chiques degustações e happy hours, escrita pelos mesmos coleguinhas: porque não vi primeiras capas nem reportagens espetaculares, menos ainda a exposição dos produtos. Será que se tivesse acontecido em Minas (como na cervejaria Backer - que mereceu tudo que sofreu) ou no Norte e Nordeste teria-se a mesma discrição? Mostrar um racha na europeia região sul é um problema? Ficaria esquisito com tantas colunas sobre a qualidade dos vinhos sulistas?

(Já pensou, que Glória!, um desses sommelier na cara-dura dizer na sua conceituada coluna "pessoal, lembram quando falei bem daquele vinho da Aurora, Garibaldi ou Salton? Então, esqueçam, retiro a minha boa opinião. Podem até ter um gosto bom, mas é uma porcaria e uma desumanidade enquanto produto. Temos outros vinhos melhores para indicar...")

Professores: dá ou não dá suco que preste? Formemos cidadãos antenados a esses troços. E se um dia forem consumidores de vinho, que o sejam pelos motivos certos.

Ah, e sim, li todas as notas de resposta das vinícolas. Ridículas: a culpa foi dos terceirizados! Um clichê do que pior temos de nossa elite, culpar o caseiro, esse desqualificado! Como se, quando fazem loas sobre as qualidades dos seus produtos, não se orgulham em dizer do seu 'cuidado em supervisionar cada etapa de sua produção'. 

Mas veja: só vão fazer isso de agora em diante se pressionados pela Justiça e pelos influencers da qual fazemos parte. Não beba a p* desses vinhos feitos pela exploração escravagista, diga pro seu mundinho para não fazer o mesmo, berre são ou alcoolizado que não podemos - pelos nossos gostos sofisticados e pela nossa hipocrisia - sustentar uma prática horrorosa que vá contra tudo o que a sadia esquerda defende.

Saúde aos trabalhadores! A sua, seu plano de saúde garante.

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