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Mostrando postagens de setembro, 2013

Crianças ricas X Crianças pobres: programação infantil nas TVs ampliam o fosso.

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Mais um canal infantil brasileiro entra na grade da TV Paga. Agora é o ZooMoo, distribuída na Sky. Junta-se ao Gloob, das organizações Globo, e TV Ra-Tim-Bum, da Fundação Padre Anchieta. Dos de fora, vários muito bons (no sentido de boa programação voltada para o entretenimento E educação) como Discovery Kids e Disney Júnior. Outros apenas bons canais de entretenimento como Cartoon e Nick. E outros que, por favor, que deviam repensar sua grade, como Disney XD, tamanha a distribuição de violência e frivolidade gratuita na maioria dos seus programas. Mas, vá lá, é melhor ter mais canais infantis do que canais de venda ou de luta. Comemoração deve ser feita com a entrada do ZooMoo. Afinal, temos mais uma janela para a produção tupiniquim - que tem crescido e é de excelente qualidade como provam os Peixonauta e Amigãozão espalhados pelas grades nacionais e internacionais. Por se dirigir a um público ainda pré-escolar, melhor ainda pois essa função acaba ficando apenas para

Elementos para reflexões sobre educação, comunicação e tecnologia: nada é tão novo sobre redes, linguagem e aprendizagem

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Esse é o título de um artigo , em parceria com o mestre Daniel Mill, publicado na conceituada Revista ETD - Educação Temática Digital . Conforme nosso próprio resumo "esse texto busca apresentar a relação comunicação-educação, observando as suas implicações mais evidentes no desenvolvimento e na crítica das TIC e vice-versa. O objetivo é demonstrar que uma visão deturpada, preconceituosa e factual da comunicação e da sua mediação tecnológica pode prejudicar posturas mais construtivas e maduras dos educadores que desejam explorar a relação comunicação-tecnologia-educação em benefício do ensino-aprendizagem mais efetivo. O caminho para isso é demonstrar que as ideias de redes sociais já são pensados há certo tempo, evidenciando certos preconceitos ideológicos aí residentes. Quando, efetivamente, a comunicação e a educação se tornam campos de estudo mais delineados e, aparentemente, se afastam, os seus caminhos são distintos somente numa perspectiva artificial

Garfando o espaço público da comunicação

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País que se preze tem uma comunicação pública que se preze. Todos os países desenvolvidos têm uma comunicação pública que dê alternativas e que possa concorrer às TVs comerciais e que possa concorrer, em maior ou menor medida. É uma política de Estado e, portanto, bancada financeira e/ou politicamente. Até nos EUA, de onde espelhamos o modelo comercial com uma rede pública marginal, a rede PBS é vista e respeitada pela população e governos. Aqui, supostamente em uma década de governo supostamente progressista, a esperança de modificar esse cenário tem vida efêmera. Animados pelo decreto 5.280, de 2006, previa-se o uso das novas possibilidades da TV Digital - em especial, com novos canais disponíveis no sinal aberto - para ampliar a oferta de emissoras com preocupações sociais, e não apenas em busca do lucro com uma concessão pública. Nada contra esse modelo de negócio, diga-se de passagem. Nossa televisão comercial é eficiente e a população gosta, ponto final. Mas a experiê

Além do Lixo

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Estou cada vez mais preocupado com o lixo eletrônico, uma parte de uma cultura de lixo ainda maior, ligada ao consumismo e a obsolescência programada, a redução deliberada da vida útil de produtos, a fim de garantir recompras frequentes e consumo, algo que já tratei aqui . Mas a questão não é apenas ambiental. Um lindo e desconhecido documentário mostra a face humana. De autoria de Bárbara Jordane, Janaína Lacorte e Sekão Silva, o video mostra o lixo do ponto de vista daqueles que vivem - inadequadamente - dos despojos. Os depoimentos são contundentes, com frases afiadas e é primorosa a parte sobre o design das embalagens... Um documentário para seu próprio conhecimento, para levar às salas de aula e para se pensar toda a questão ambiental.

Sou um doador de medula óssea.

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  Sou um doador de medula óssea. Ok, não sou nenhuma celebridade e nem acho que irei causar uma mudança comportamental nas poucas testemunhas que me leem. Mas se alguém prestar atenção ou pensar sobre o assunto, este post se justifica. Hoje, cerca de 2.500 pessoas precisam de uma doação no Brasil. Sabe qual a chance uma delas encontrar um doador compatível? Uma em cem mil, caso não haja irmãos compatíveis e, mesmo nesse caso, somente um em quatro consegue. Fica aí um monte de gente com medo de agulha. No imaginário, quase que vislumbram um alienígena vampiresco que, com uma agulha enorme, vai sugar a sua medula vertical e causar uma dor danada. Bobagem! Primeiro que, para se cadastrar no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), basta uma ampola de sangue, tipo dessas para exame de sangue comum. Caso seja compatível com algum necessitado – o que pode ou não acontecer – te ligam para saber se ainda está disposto. Daí, mais exames de sangue e só,

Projeto Território do Brincar

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Zaquel e Raquela Reetz descendo o morro de frente de sua casa com o carrinho de madeira, feito pelo pai. Alto Santa Maria - ES, jun.2012 - Foto: Território do Brincar  "Ouvir o Brasil a partir da voz das nossas crianças, que a um só tempo retratam a universalidade da infância e refletem e espelham o povo que somos". Essa é a missão do Projeto Território do Brincar. Sabe-se lá o que é isso? A educadora Renata Meirelles e o documentarista David Reeks comandam uma equipe nota 10 que saiu pelo país para escutar e registrar os olhares das crianças brasileiras. E, claro, não há uma criança brasileira. Mas crianças. E o projeto quer escutar todas elas: urbanas de grandes e pequenas cidades, do litoral e do interior, das comunidades rurais, indígenas e quilombolas. Estão tentando sair da armadilha que Rousseau nos alertava, de que, quando nos tornamos adultos, nos esquecemos de como é ser criança e, como tal, a oprimimos sob um olhar que não lhes per

Lúcia Santaella e a afetividade nas redes sociais

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Divulgação Intercom Onde fica o afeto nas redes sociais? O afeto ainda é um fato relevante no mundo "virtual"? Essas são questões que têm incomodado a profa. Lúcia Santaella. Com sua simpatia habitual, fez uma das aberturas do Intercom nacional, que aconteceu em Manaus. Leve e profunda ao mesmo tempo, está dando ênfase as afetividades, perdidas ou reconquistadas, pelas redes sociais. "Lutando ferozmente contra as dicotomias", como ela mesmo batalha, explica que temos que nos concentrar em alguns grandes temas sobre a rede. São eles: a politização, a subjetividade e identidade, a sociabilidade e alteridade, a educação, o marketing e os horizontes da web 3.0 (onde, inclusive, estamos conversando com os objetos como a televisão, o celular, a geladeira...). Santaella lembra as seis formas de cultura de comunicação, que foram sendo acrescidas à medida da nossa própria evolução cultural e tecnológica: a oralidade, a escrita, a imprensa, a comunicação de mass

Intercom: nossa espeto de pau.

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Nesta data, estou no XXXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, o Intercom. Adoro o nome, pois deixa claro que a interdisciplinariedade é o mote transversal e, portanto, explicita o caráter verdadeiro da comunicação, o de "nos colocar em comum". Mas tenho sentimentos conflitantes sobre ele. Boas e más confluências. Vamos, primeiro, as boas. É onde nosso campo de conhecimento sem encontra, não resta dúvida. Imagine debatendo por três décadas um campo que não é exatamente capa da Superinteressante e que conta com desconfiança ideológica de todos os lados? Ainda assim, é um evento grandioso. É o maior da América Latina, embora já tenha cruzado essa fronteira há tempos, com a presença de convidados e congressistas de todo o mundo. Este ano, por exemplo, vai de um ciclo especial com a África até um colóquio com a Alemanha. O Intercom ficou tão grande e complexo que se desdobra em eventos regionais que, até onde sei, repetem o sucesso do evento nacional. Essa

"Jornalismo Público", esse troço existe?

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Ana Luiza Fleck Saibro, presidente do Conselho Curador da EBC O Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação, a EBC , estatal que gerencia a comunicação pública federal, é o que de mais próximo temos de uma tentativa de televisão pública. Sempre fui um crítico de como o Conselho foi elaborado e como os seus conselheiros são escolhidos (até hoje não entendi o que o meu conterrâneo Wagner Tiso está fazendo lá!). Mas é inegável que boa parte da turma lá está tentando fazer um trabalho bem corajoso, sério, persistente, até utópico. Sou testemunha das iniciativas louváveis de constante debate público sobre as questões da empresa mas, mais ainda, sobre as grandes questões que envolvem a comunicação pública como um todo. Foi o caso do último Roteiro de Debates onde fizeram uma análise sobre o jornalismo da EBC. Vale conferir . Adoro esse debate sobre o tal "jornalismo público". Emissora estatais e político-partidárias até a medula e, portanto, muito pouco públicas