Sou um doador de medula óssea.



 
Sou um doador de medula óssea.

Ok, não sou nenhuma celebridade e nem acho que irei causar uma mudança comportamental nas poucas testemunhas que me leem. Mas se alguém prestar atenção ou pensar sobre o assunto, este post se justifica.

Hoje, cerca de 2.500 pessoas precisam de uma doação no Brasil. Sabe qual a chance uma delas encontrar um doador compatível? Uma em cem mil, caso não haja irmãos compatíveis e, mesmo nesse caso, somente um em quatro consegue.

Fica aí um monte de gente com medo de agulha. No imaginário, quase que vislumbram um alienígena vampiresco que, com uma agulha enorme, vai sugar a sua medula vertical e causar uma dor danada.

Bobagem! Primeiro que, para se cadastrar no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), basta uma ampola de sangue, tipo dessas para exame de sangue comum.

Caso seja compatível com algum necessitado – o que pode ou não acontecer – te ligam para saber se ainda está disposto. Daí, mais exames de sangue e só, e somente só, vai-se fazer um procedimento muito simples, mas que será fundamental para salvar a vida de uma pessoa.

Um dos procedimentos, por exemplo, é que nem uma simples doação de sangue, uma coleta periférica, que não precisa nem de internação. Esse procedimento é chamado de aférese.

A outra maneira, uma punção é feita do osso da bacia. Estava pensando que era da coluna vertebral, mané? É um pequeno procedimento cirúrgico de uns 90 minutos. Sei que não precisava dizer, mas é bom ratificar: é feito com anestesia e agulhas especiais.

Tem depilação que é mais demorada e dolorida do que isso. E nem vou dizer sobre as lipoaspirações, botox etc. E, para os homens, doí menos e demora menos tempo para recuperar do que aquela maratona de futebol de fim-de-semana.

Somente 10% da medula do osso é retirada e, claro, dentro de algumas semanas o organismo recupera totalmente o material doado.

Ok, agora você pode dizer que, tecnicamente, ainda não sou um doador de medula. Mas, para mim, que cresci lendo história em quadrinhos de super-heróis, sonhando com o dia de salvar a vida de alguém de forma espetaculosa, fico tranquilo que não mais terei de pular na frente de um carro ou saltar de um prédio. Ficarei ansioso apenas por uma chamada por telefone.

Doei em uma campanha feita pela escola do meu filho e o levei para ver o gesto. Não sei o impacto disso no seu imaginário de cinco anos, mas, no meu, me senti com uma capa vermelha (ou azul, ou preta) levando nos braços um(a) desconhecido(a) para a segurança.

Pode ser uma bobeira, um tipo de sentimento infantil. Mas entre todos os outros que já tive na vida, essa é foi o único que pode salvar, aqui, no mundo real, uma vida.

Se você se interessar, entre no site do INCA ou, aqui em Minas, da Hemominas, ou ligue 155.

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