Conar limita ações de merchandising para crianças
Vale a pena conferir a reportagem publicar pelo site dO
Estadão, em 1º de fevereiro último.
Confesso que não sou o melhor fã do CONAR. Não simpatizo com
a autorregulamentação de uma atividade comercial. Já pensou a telefonia –
campeã em reclamações dos consumidores – se autorregulamentando? Além das
razões mais óbvias – coelhos deliberando sobre a horta – ainda há a questão da
influência desproporcional dos coelhões – apoiados pelos seus pares – em relação
às lebres.
Mas também confesso que não sou 100% convicto da minha
posição. Com grande atraso, o CONAR vem percebendo as mudanças na sociedade,
embora, é certo, o faz não porque viu a luz, mas porque se sente pressionado. É o caso da publicidade infantil.
Um caso coberto de razão: a publicidade infantil, em sua
grande maioria, é uma peça específica de influência a um sujeito desprovido de
crítica e percepção apurada e sem a anuência do responsável. “Ah, mas a
publicidade é a maneira como a TV se paga e os pais sabem e concordam com isso”,
dirão os defensores do modelo. Há duas falácias neste argumento. A primeira é
que, se a sociedade outorga ao comércio a venda do espaço para a
sustentabilidade de um serviço gratuito à população, o faz sob fortes limites.
Hospitais e escolas privadas integradas ao sistema público não pode fazer o que
querem. Segundo, se esse argumento surge da TV aberta, não se justifica na TV
paga – onde estão o grosso dos canais infantis -, que é mantida pelos
assinantes que, neste caso, pagam para ver comerciais que, por sua vez, servem
como uma espécie de um ganho ‘por fora’.
Atenção, não sou contra a publicidade, um instrumento de
importância social de oferta de informação e opções de escolha. Mas, como qualquer
coisa, de remédios à brinquedos, tudo que tem a criança envolvida, é preciso
cuidado redobrado e específico. E tenho por mim que boa parte dos problemas
recorrentes estão associados a leniência dos responsáveis. Quem compra
sandalinha da Xuxa – sim, incrível, mas criança não tem recursos próprios para
comprar produtos, lembrem-se - e atende aos apelos da filha de três anos pela
maquiagem da Eliana, não merece reclamar da publicidade.
E não faltam peças bem feitas. O exemplo abaixo, um
clássico, embora tenha toda a impressão de manipulação – ao ensinar as crianças
como pedir brinquedos – ao usar o grande comediante Luiz Fernando Guimarães e
referências universais da infância, deixa claro que o público-alvo principal
são os adultos, tendo a criança como público auxiliar. Como deve ser feita toda
boa propaganda do gênero.
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