Ginga BR.Labs: um fracasso anunciado!
Termina hoje o prazo para inscrição no projeto Ginga BR.
Labs. A proposta é selecionar 10 emissoras públicas para receber um laboratório
de testes de conteúdos e aplicações para o middleware Ginga, o Windows (ou
Linux) do sistema de interatividade da TV Digital. O objetivo era incentivar a
produção e a difusão dos aplicativos interativos.
Só podem participar emissoras ligadas a estados, municípios
ou universidades públicas que já transmitem em sinal analógico e tenham pedido
o sinal digital. Mais carimbado, impossível! Só faltou colocar por extenso as
emissoras que receberão a verba.
Será um fracasso! Ou será um “sucesso” no discurso babaca,
embolorado e retrógrado dos que continuam defendendo o surrado clichê “educação
pública é do bem, educação privada é do mal”. Esse mantra vem do Séc. XVIII e
surgiu para lutar por um ensino laico (a igreja é que representava a educação
privada de então) e não contra o capitalismo. Ao contrário, os burgueses é que
defendiam essa posição.
Fracasso! Pelo ponto de vista do projeto utópico da TV
Digital, sonhado no Decreto nº 4901 de 26 de setembro de 2003, a iniciativa
será um fracasso! Não irá ajudar a “promover a inclusão social, a diversidade
cultural do país e a língua pátria por meio do acesso à tecnologia digital,
visando à democratização da informação”, haja vista a incompetência pública em
desenvolver qualquer tecnologia mais avançada, com raríssimas exceções em
exemplos beeemmmm específicos (como alguns casos da Embrapa).
Tudo isso porque os gênios do Executivo continuam querendo
fazer bonito para as universidades federais – como se elas fossem, em toda a
sua extensão e não apenas em alguns casos, um exemplo de produtividade, isenção
e desinteresse capitalista. Se esquecem que:
1) se não fossem as universidades privadas, sequer teríamos um
sistema para chamar de brasileiro – e me lembro aqui da Mackenzie, PUCs e devem
ter mais algumas que faço injustiça em não lembra-las;
2) justamente por não ter um sinal analógico, das emissoras públicas
e universitárias de todos os cantos, podem surgir ideias revolucionárias uma
vez que não estão viciadas com os paradigmas analógicos.
3) a inovação e ousadia podem surgir de qualquer lugar,
inclusive de uns nerds que colocam no
ar uma webtv em uma faculdade do
interior.
4) partes dos melhores aplicativos de inserção social, usado
nos tablets e smartphones, não surgiram da iniciativa estatal.
5) os usuários - e o mercado em geral - só adotam aplicativos e qualquer inovação social se fizer sentido para eles, não porque foi desenvolvido por uma entidade estatal ou pelos iluminados do poder, justamente aqueles que, a cada dia, me convencem estar mais afastados das necessidades reais das pessoas.
Querer limitar a criatividade e a inovação e/ou acreditar
que ela só surge nos meios ideologicamente construídos é muito mais do que
velho! É estúpido e completamente fora da realidade. Deve ter um nome para
isso, que minha memória esconde para controlar minha angustia por saber que
esse tipo de mote ainda domina quem deveria estar promovendo a democratização
da comunicação, uma vez que usou deste discurso para lá estar.
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