No berço da democracia, a TV pública Grega perde para o mercado

Une employée de l'ERT le 12 juin 2013.
Funcionária da TV Pública Grega em 12 jun. 2013 - Reuters/Yorgus Karahalis by LeMonde.fr

A coisa apertou, e o governo da Grécia fecha a sua TV pública.

Mas não sem resistência: uma greve geral protesta pelo ato arbitrário do governo e o pau está comendo na porta da emissora. Funcionários se recusam a sair, tentam colocar a programação na marra na internet.... Já pensou, as pessoas nas ruas lutando por televisão pública no Brasil? Eita, inveja!

Mas, vamos ao fato concreto que, embora não conhecendo muito a Grécia, mas sabendo razoavelmente de capitalismo selvagem, tenho lá minhas dúvidas se haverá um final feliz nesta história. Para a alegria das televisões comerciais do mundo e seus bilionários mantenedores relaxados em suas ilhas fiscais.

Gabriel Priolli, de onde veio o alerta, sintetizou muito bem o sentimento: "O mercado fez a crise, mas só o mercado pode cobrir a crise".

Se minha empresa faz apostas erradas, quem vai pagar sou eu e meus sócios. Ninguém, muito menos o Estado, que é o primeiro a cobrar a sua parte no meu fracasso, vai se importar se eu tiver que vender a minha casa para pagar credores. E menos ainda o Estado vai fechar uma escola para me ajudar na minha recuperação financeira.

O fechamento de uma mídia pública tem dois aspectos nefastos, como apontado pelo mestre Priolli: primeiro, fecha-se uma alternativa de ponto de vista e de uma cobertura não necessariamente isenta, mas que representa um contraponto. Em segundo, fortalece e recompensa aqueles que fizeram as tais apostas erradas, não só porque continua-se não atacando a causa, como acoberta-se a consequência.

Eu até nada tenho contra o Estado ajudar setores em dificuldades, faz parte do seu papel regulador e de manutenção do equilíbrio. Mas pensei que essa história de matar o mensageiro já tinha ficado fora de moda...


Se cuida, BBC!

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