Amigos da esquerda: também somos duramente criticados!
Não tem sido um sucesso de crítica. E quando citado, me parece que não entenderam toda a mensagem! Conseguiu desagradar a muitos e entusiasmar a outros. Outros e Muitos quero dizer aqueles que abrem mão da racionalidade pela idolatria. O óbvio da obra é que é uma descarada metáfora sobre o hoje, o agora, crítica sagaz como costuma acontecer em filminhos cool hollywoodianos. Então, qual o problema? É que, embora a turma da direita está lá de forma mais explícita, a turminha da esquerda festiva também é duramente criticada. Ou seja, o tal cometa que é descoberto e que vai arrassar com o planeta é também outra metáfora: independente de que lado ele venha, estamos condenados!
Deixemos claro: sou de esquerda! Mas há coleguinhas meus, e que andam de patinete no meu coração, cujos dão-me tristeza pelo culto igualmente irracional de seres e organizações político-partidárias. Vejo que eles, assim como alguns expoentes das torcidas organizadas mito-partidárias-de-esquerda, têm comentado sobre o Não olhe para cima, recém lançado filme da Netflix, com loas às críticas metafóricas aos governos proto-ditatoriais e negacionistas, que se recusam a (a)creditar a Ciência sobre os males que nos afligem, embora adorem aproveitar as oportunidades comerciais que eles proporcionam.
Mas, ou não perceberam, ou fizeram de conta que não era com a gente, o filme detona (literalmente) com todos nós, incluso a esquer-disse. Ora, como tem sido a parte vistosa da esquerda no enfrentamento das grande crises humanitárias, como denuncia o filme sem qualquer metáfora? Com igual uso incomensurável das redes sociais, tal qual a direita faz, somado a mega shows midiáticos lindinhos e lacrimosos, à la We Were the World e Criança Esperança, e que conseguem arrecadar menos do que o tal evento custou para ser produzido, porém com um social upgrade no brainding dos artistas e nas contas bancárias dos engenheiros de som aos seus chefes, que, naturalmente, não trabalharam voluntariamente. Não consegui parar de rir de nós mesmos. Obrigado, Adriana Grande!
Declarações de que algo tem que ser feito, faremos perfomances que rendem boas fotos para o Instagram, propomos que iremos tomar medidas, afirmadas por aqueles mais ilustrados (leia-se, nós da esquerda institucionalizada), como faz a OMS, ONU, líderes progressistas. Mas, que, na realidade, não passam também de bravatas que nada ou pouco alteram a trajetória da catástrofe. Tá lá no filme!
Como também está lá o cientista íntegro, sujeito que não tem treinamento midiático, apavorado por se ver exposto, um rato de laboratório que certamente seria engolido pela juventude de sua orientanda, mas que, rapidamente, se deixa seduzir pelos prazeres carnais e se entrega e integra hipocritamente ao sistema que queria combater. Até a enviesada desculpa gramsciana, de que é preciso estar dentro para se modificar a estrutura (céus, como escutei e disse isso pela vida!), é dita literalmente pelo ex tímido e militante cientista, já devidamente com seu crachá corporativo (mesmo que tente esconder). Pois os charutos cubanos e os vinhos importados que nossa esquerda adora estão também lá, na figurinha da personagem de Cate Blanchett.
Pois bem, ao se encaminhar para o final, à massa de manobra da direita e da esquerda (eu incluso) cabe apenas observar, entre temerosos e deslumbrados, a beleza e a tristeza do cometa nos céus, muito acima de nossas cabeças. E aqui cabe apenas um spoiler: não há remição! Bem vindos de volta ao mundo real.
Única confirmação: sabia que Leonardo DiCaprio, Meryl Streep, Jennifer Lawrence, com Cate Blanchett, não me decepcionariam e continuariam a escolher a dedo onde colocam suas caras. Portanto, tome cuidado ao ler sobre suas perfomances no filme. Freud certamente explicaria tais reações orais.
Essa foi a minha interpretação sobre Não olhe para cima. Que pode ser pobre, perante a sua (provável), ou mesmo (in) diferente do seu olhar. Ótimo!. De qualquer forma, vale a pena ver e debater. Para os nerds caçadores de easter eggs, tem ali uma granja completa com a nossa realidade, desde que dispostos a olharmos em todas as direções, inclusive em nosso galinheiro. Como devem ter notado, eu adorei, porque também amo metáforas indecentes.
Assisti com meu filho de 14 anos e fui instigando-o a descobri-las. E fiquei feliz quando pegou o jeito e até, durante o filme, sentiu o momento de rimar com o roteiro um Fora, Bolsonaro! Mas, mais aliviado fiquei por não ter me visto como um Leonardo DiCaprio.
E qual a sua opinião?
Cláudio Magalhães é autor do singelo 'Fo#@-$3, Pandemia! Crônicas sobre o que aprendemos com a fdp da Covid-19' em todas as livrarias virtuais ou diretamente com o autor (com brinde!).
Arrasou, prof!
ResponderExcluirÉ a velha história de todos estarmos no mesmo barco kkkk...
Eu tô rindo mas é de desespero!
Num é? Mas essas são as grandes obras: a gente ri e chora, mas é de nervoso!!
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