TV Unesp: vanguarda da TV Digital Universitária brasileira



Estúdio da TV Unesp: multi-cenários e pé-direito

Se tem uma coisa que gosto de fazer é visitar TVs Universitárias. Tive o privilégio de estar no centro dos acontecimentos do crescimento das TVUs no país, e da sua institucionalização nacional enquanto um dos segmentos do campo público de televisão no Brasil. Mas o que mais me excita é a amálgama da comunicação e educação em propostas audiovisuais criadas e mantidas por gente entusiasmada por televisão do bem.

E sempre que visito uma emissora, geralmente sou um bipolar. Ou fico entusiasmado ou deprimido. Fico triste quando vejo recursos – humanos, técnicos e financeiros – sendo desperdiçados por falta de acolhimento da própria instituição de ensino. E uma equipe que, geralmente, mata um leão por programa e enxuga gelo tentando levar adiante uma proposta muitas vezes solenemente ignorada pela academia.

Já para dar um bom exemplo de emissora que me deixa entusiasmado tem a TV Unesp. Visitei-a durante a Intercom Sudeste e fiquei inteiramente encantado. Equipamentos novinhos e preparadíssimos para entrar no sinal digital, ainda em 2013, algo que não fizeram ainda porque estão cumprindo o prazo regulamentar no sinal analógico, em TV aberta.

Switcher: equipamentos modernos
A equipe é enxuta e entusiasmada, mesclando jovens talentos com veteranos, como deve ser. Tem jornalismo diário, além de diversos programas semanais de qualidade. Suas instalações, embora em um edifício adaptado, foram muito bem divididas e altamente profissionalizadas. O estúdio é multi-cenário, com pé-direito e iluminação adequados (acredite, isso é raro). As ilhas de edição, o controle-mestre, o switcher do estúdio, tudo de primeira. Invejo a população de Bauru por poder contar com tal equipamento público de comunicação. Que façam bom uso. 

Ouso dizer que, pelas emissoras que conheço, a TV Unesp está entre as três melhores TVs Universitárias do país, nos quesitos técnico e de infra-estrutura (não me julgo capaz de fazer tal ranking no que tange a programação). E, ao entrar no ar como TV Digital, ela terá recursos humanos, técnicos e orçamentários para reivindicar o título de vanguarda da TV Digital Universitária brasileira.

Controle-Mestre: preparado para colocar o sinal digital em 2013
E a TV Unesp retransmite o Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho, com uma programação bem mais próxima da sua do que a da vacilante TV Cultura. Aliás, mais uma acertada decisão da TV universitária, pois, como já defendo há anos, a emissora paulista abriu mão de ser a principal cabeça-de-rede educativa do país (algo que reinou absoluta por décadas) para ser tornar uma rede provinciana metida a Rede Globo ao ignorar as peculiaridades de suas emissoras afiliadas, as quais, sabidamente, vão abandonando o barco para outras emissoras nacionais, como o próprio Futura – no caso das emissoras ligadas as instituições de ensino, e para a TV Brasil, ambas com projetos de acolhimento e co-produção com suas parceiras.

Outro destaque da TV Unesp é a sua gestão centrada na Reitoria. Bem, tenho 17 anos de televisão universitária e também ouso dizer que é uma temeridade um equipamento destes – lembremos, a televisão é o principal veículo de comunicação do país - estar fora das mãos da gestão principal da IES. As TVs Universitárias que melhor funcionam são aquelas que pertencem a toda a instituição, que não atendem a esse ou aquele departamento, mas as necessidades de ensino, pesquisa e extensão da universidade. Algo inerente da Reitoria. Menos que isso é apequenar o projeto de televisão universitária. A grande maioria das televisões universitárias que sofrem horrores são justamente aquelas distantes da gestão principal de suas instituições, justamente porque tem que entrar nas disputas, tanto da manutenção da ilha de edição versus do data-show da sala de aula, tanto nas disputas internas de poder dos departamentos, onde aparecer na TV pode ser uma estratégia pessoal excelente, mas péssima para a instituição como um todo.

É importante lembrar, no entanto, que toda emissora universitária começa entusiasmada (embora 90% sem a estrutura da TV Unesp) e a tendência é o entusiasmo ceder lugar para os problemas de pessoal, manutenção e, principalmente, a falta de apoio da própria universidade. Cabe a turma da TV Unesp aproveitar a onda e planejar muito bem seus próximos passos. A sobrevivência de qualquer TV universitária está intimamente condicionada à importância que ela conquista, tanto junto com o seu público externo - a população de Bauru que deve vê-la como sua emissora pública, tanto junto com o seu público interno - a comunidade acadêmica que veja na emissora seu principal veículo de difusão do conhecimento.
Equipe, equipamentos, gestão, sinal digital, a TV Unesp tem para isso.

Comentários

  1. Parabéns pelo texto e observações, extremamente verídicas e oportunas, congratulo e compartilho com as ideias. Veja nosso singelo trabalho na TV Unesp, apesar de pertencer ao Câmpus de Bauru da Unesp e Reitoria, levo minha contribuição semanal em http://www.tv.unesp.br/noticia/2484

    abrços,
    João Moretti Jr
    Jornalista

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  2. Valeu, João. E, uma vez mais, parabéns pelo trabalho.

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