Crítica: Detetives do Prédio Azul, no Gloob

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Capim, Mila e Tom: Os Detetives do Prédio Azul.
Foto: divulgação



Há vários motivos para deixar e incentivar as crianças a assistirem Detetives do Prédio Azul. São motivos que também servem aos pais, responsáveis, educadores e quem gosta ainda de se sentir criança.

As qualidades de um bom programa infantil estão lá. Em primeiro lugar, o trio de heróis mirins, Tom, Mila e Capim, turminha do bem, cheios de boas intenções, mas, como toda criança na idade deles, um tanto atrapalhados e sem limites ainda bem delineados do que é certo e errado e, portanto, suscetíveis a muitos erros e confusões. Portanto, ponto para as crianças se identificarem. 

Há mistérios a serem resolvidos a cada episódio, e mistério, bem, é algo que atrai muito as crianças. O mundo que o cerca é todo mistério. Por isso, o prazer do descobrimento, de colocar ordem no caos. Em nós adultos, nos estressa fazer as coisas fazerem sentido. Nas crianças, é pura diversão.

(A premissa da série logo me remeteu a Turma do Posto 4, livrinhos de Luiz de Santiado, das Edições de Ouro, da década de 70/80, crianças moradoras de um prédio em Copacabana que criam um clube secreto para resolver mistérios do cotidiano. Lembram? Não? Puxa, eu devorei quando jovem... Bem, falo deles outro dia quando de um novo ataque de saudosismo...)

Voltando as boas características, os adultos são outro ponto. O papel a que são relevados mostram um bando de desajustados crentes e ciosos de que não são assim, bastante convictos de suas convicções bem estranhas do ponto de vista das crianças. Não, isso não é um ponto negativo do programa, ao contrário. Os melhores programas infanto-juvenis são assim mesmo, porque é como as crianças nos veem. E, cá entre nós...



O Detetives do Prédio Azul também tem o estável e o novo que caracteriza uma série que quer estar no imaginário de seus telespectadores. As histórias paralelas, justamente fomentadas pelos adultos, não tiram o brilho dos personagens principais, e o foco dos objetivos claros de cada episódio. Ao mesmo tempo em que há ineditismo a cada episódio, e ele se fecha em si mesmo, fazendo autônoma a experiência de assisti-lo em relação à série (o que atrai aqueles que só estão de passagem ou assistem esporadicamente), existem dicas de pertencimento para aqueles iniciados e que acompanham a série habitualmente.

A série também tem preocupações com a diversidade das relações sociais, culturais e étnicas, colocando todos, do filho do porteiro à dona do prédio, em mesmas condições. Alguém pode dizer que não é bem assim, a opressão do detentor do capital – a dona do prédio, se mantém sobre o assalariado – o porteiro. Mas digo que isso me dá só preguiça! O mundo é assim e um programa infantil deve apenas rir disso, o que Detetive faz bem.

Por fim, Detetives vai além do entretenimento e, a cada episódio, trata uma questão importante para o universo infantil: inseguranças, necessidade de afeto, cuidados com a higiene, ecologia, ciências, fantasias. Tudo sem ser chato e disperso.

Para ser perfeito, faltaram, na minha modesta opinião, apenas duas coisas: a Dona Leocádia deveria ser uma vilã um pouco mais moderna, onde ninguém é só mal o tempo todo, tendo uns lapsos de bondade. Isso faria dela um pouco mais real e próxima, inclusive, dos demais vilões do imaginário infantil. Nada grave, apenas tornaria a personagem mais complexa. Já a segunda coisa é inegociável para mim. Em alguns episódios, há pequenas vinganças dos jovens ao final, dando ‘lições’ à megera com ‘pegadinhas’. A mensagem é a da justiça pelas próprias mãos. Sim, é importante que Dona Leocádia perceba as malvadezas que fez, e que sofra as consequências, mas pelos seus próprios atos e não pela esperteza de quem discorda.Lembre-se do fim de todos os vilões dos desenhos da Disney que assistiu. Verá que todos foram vítimas de suas próprias vilanias.

Pontos extras para a Conspiração, produtora de Detetives. O primeiro é que produziu com atenção às características estéticas do segmento (cores básicas, diálogos simples e coloquiais, atores carismáticos e simpáticos). Segundo, não fez um produto pretencioso. Ao ter a coragem de fazer com atores e cenários, mais complexa que a animação, sua produção é básica, com poucos cenários e personagens, baseada mais no texto do que na pirotecnia. Isso é fundamental para a sobrevivência do programa, sintonizado com a realidade da veiculação brasileira no que tange aos custos. De que adianta fazer um lindo programa se ele não se sustenta?

Mas é importante lembrar: tudo isso só vale se assistir junto com a criança. Para que tenha a sua própria opinião, construída pela sua experiência, pelos valores que gostaria de ver neste jovem telespectador e pelas percepções da própria criança sobre o programa.

Comentários

  1. Pessimo programa infantil. Personagens endomoniados a atender telefone, mulher fazendo bruxaria e cantando bruxaria e outros tantos motivos pra nao deixar seu filho assistir este programa.

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