Já tá bom!! Fecha-se o ciclo!
Tá bom, é um jargão beemmm batido... mas que não significa que esteja errado: a vida é feita de ciclos! Encerro neste ocaso do ano minha contribuição como editor-chefe da REVISTA ABTU, publicação acadêmica da Associação Brasileira de Televisão Universitária.
Foram 12 anos editando - desde da criação em 2013 na experimental edição zero, até na última terça-feira, dia 17 de dezembro de 2024, uma publicação anual ininterrupta.
Foram 95 artigos ao longo dessa dúzia de anos, com quase duas centenas de pesquisadores que se dedicaram a estudar a TV Universitária (um pouco mais da metade dos trabalhos), a TV Pública e a Comunicação Pública (que dividiram quase igualitariamente o espaço); qualificada pela Plataforma Sucupira em quatro áreas do conhecimento (Comunicação e Informação, Educação, Interdisciplinar e Artes) apenas por espontânea citação em outros artigos, uma vez que não está indexada a uma plataforma de revistas científicas e até pouco tempo suas edições eram encontradas apenas em formato pdf no site da ABTU. Então, não é pouca coisa, e a Revista ABTU dá sua contribuição para o fortalecimento do segmento, já que a pesquisa e a divulgação científica são fundamentais para o seu desenvolvimento.
Mas vai aqui também uma confissão: me foi também uma tentativa de prorrogar o fechamento de outro ciclo, o de contribuição para a criação, manutenção e administração da ABTU, onde estive como vice do primeiro mandato e depois até o encerramento como presidente em 2012. Como bem lembrado durante o lançamento dessa última edição, pelo amigo e presidente eterno da associação, o jornalista Gabriel Priolli, a ABTU foi um sonho político e social que começou a acontecer ainda em 1997, no I Fórum Brasileiro de Televisões Universitárias em Caxias do Sul/RS, promovido pela Universidade de mesmo nome: "vamos criar essa associação!" No ano seguinte, levei a galera para Ouro Preto/MG, onde ficava a TOP Cultura, a TV Universitária que coordenava, e o papo continuou, entre tropeços que só nos jogaram para frente, como deve ser, empurrados por um exército de brancaleones, como gosta de intitular o outro mestre, Prof. Paschoal Neto.
Desde 2000, a ABTU foi se tornando o que queríamos que fosse lá ainda no sul: 1) uma entidade nacional, que representasse politicamente as instituições de ensino superior que têm a coragem e a esperteza de ter uma televisão universitária - o maior projeto de extensão que uma IES pode ter! 2) que formasse uma rede de intercâmbio de programas, projetos e incentivos para uma espiral de contínuo crescimento do segmento com qualidade.
Missão cumprida, até agora: 1) a ABTU é presença constante no debate da comunicação pública - mesmo sobre narizes torcidos de alguns; 2) haviam 34 IES em 1997, onde cerca de 1/3 apenas tinha TVUs em funcionamento (o restante ainda eram projetos), e hoje são quase 200 pelo país. Nada mal!
Mas, pois é, já tá bom! 27 anos pela causa da TV Universitária brasileira é uma boa paga ao contribuinte brasileiro por ter custeado minha graduação e pós-graduações (na realidade, tinha me prometido um ano em atividades voluntárias para questões sociais por cada ano bancado pelo erário, mas resolvi dar uma 'gorjeta' de 17 anos, porque estava divertido demais!)
Internamente, dentro do segmento, só tenho vitórias e satisfações: adquiri meus melhores amigos; vivi uma vida plena com minha companheira sendo companheira também dos meus camaradas; conheci equipes e projetos fantásticos pelo país todo; e, modéstia pros infernos, acredito que ajudamos a desenvolver uma consciência da importância de uma televisão universitária, em particular, e um campo público de televisão no geral que se enraizou na comunicação pública, a ponto de incomodar aqueles que querem essa seara apenas para interesses privados e escusos, o que só mostra que trabalhamos bem. E ajudamos a implantar ou incentivar dezenas de estudantes, professores, reitores a colocar a sua TV no ar e nas redes. Não há papel mais importante para um educador.
Externamente, bem, a maioria só decepção! Ainda é uma minoria as reitorias que entendem o valor de uma televisão universitária e o Executivo e o Legislativo brasileiro - independente de quem estava no Planalto - deu um bananal inteiro para a comunicação pública. A maior de todas as decepções, certamente, foi a EBC - Empresa Brasil de Comunicação, que a ABTU ajudou a fundar e que tem sido uma tristeza para mim desde sempre. Mas isso é outro papo, voltemos às despedidas.
E daí é preciso agradecer a toda uma galera que entregou de bandeja a revista para um editor: as diretorias dos presidentes FERNANDO MOREIRA e Fabiano Pereira que confiaram na proposta inicial e deram todo apoio, sem medir esforços e incentivos; à equipe da ABTU, que segurou o rojão das operações, como Danielle Moura Formaggio e Priscila Lauer; aos meus alunos de pós-graduação, que foram excelentes e dedicados editores adjuntos ( Diego de Deus, Caetano Bonfim, Sérgio Luiz); ao diagramadores, em especial ao Wendell Aguiar que reformulou no ano passado o projeto gráfico e ficou lindo; ao Ricardo Borges, que realizou meu último sonho com a revista, a de colocar os artigos de forma a serem encontrados nos mecanismos de busca e ampliar ainda mais sua influência na ciência brasileira; à Universidade de Fortaleza - UNIFOR e, em especial, ao Max Eluard, coordenador de uma das melhores TVs Universitárias do país, que imprimiu sete das edições; aos conselheiros editoriais, que fizeram a cozinha funcionar, dando pareceres sobre os artigos de forma voluntária e entusiasmada; e, por fim, um enorme agradecimento ao amigo José Dias Paschoal Neto, presidente do Conselho, companheiro e o ator da parte chata de ficar cobrando dos amigos e autores prazos, mas que fez tudo com a delicadeza e gentileza que lhe são peculiares.
Estou certo que muita coisa boa ainda virá pela frente, com a nova geração da ABTU agora capitaneada pelo Kiko Machado e a nova diretoria que tomou posse esse ano.
Eu fico por aqui, torcendo muito, aplaudindo os próximos avanços e vaiando aqueles que querem atrapalhar as TVs Universitárias.
Sem qualquer pesar, já estendi demais a corda. Mesmo porque faz parte do jargão: quando um ciclo se encerra, é porque vem outro por aí.
Vida Longa e Próspera à Televisão Universitária Brasileira.
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