Educação é Pop!
O que podemos aprender e ensinar com a cultura pop? |
Era a enésima aula por zoom. Confessemos, já havíamos, professor e alunos, passado por todas as fases do novo videogame: a do desespero e estranhamento inicial, a adaptação resignada, uma certa euforia pelas vantagens logísticas e econômicas, a primaz discussão sobre ética e câmeras abertas, e esgotadas a mostra de videos do YouTube e todas as piadinhas sobre EaD e espiritismo "tem alguém aí?"). Agora, só restava o tédio! Quando pedi ajuda ao Sr. Spock, personalizado num bonequinho que tenho na mesa, e ele me disse "Em momentos críticos, o homem por vezes vê exatamente o que deseja ver." Até que a frase não ajudou muito, mas serviu para levar o meu Spock à frente da câmera e perguntar aos meus alunos se eles tinham um objeto de cultura pop do seu lado - assim como eu - e gostaria de abrir sua própria câmera, mostrar e contar a sua história. O resultado também poderia ser resumido pelo mesmo Sr. Spock: "Fascinante!"
Obrigado, Sr. Spock. |
Vê se não dar para dá trocentas aulas só com essa tira? by Bill Watterson |
É dos anos 1970', mas ainda ecoa. |
O problema é que o estigma continua, principalmente nas escolas que ensinam professores. Nunca vi qualquer dica simples como 'você usa a cultura pop para ajudar na aprendizagem?' em uma das famosas 'metodologias ativas' (na realidade, apropriação recauchutada do que pedagogos como Wallon, Vigotski, Montessori, Piachet, Freire, já imploravam para fazermos com nossos estudantes há mais de um século). E por que não?
Porque cultura pop está associada a grana - com razão. Afinal, são produções do tipo execrada pela Teoria Crítica, que denunciou a Indústria Cultural como manipuladora de mentes e que quer só ganhar dinheiro e poder político, com uma espécie de pasteurização de produtos midiáticos em massa. Sim, seu objetivo é mesmo alimentar o capitalismo, dos mansos aos selvagens. O gargalo dessa discussão, no entanto, não é a verdade que a contêm, mas que quem consome está pouco se lixando para Adorno e Horkheimer , os principais teóricos desse pensamento. Deles - e ai, que dor! para os acadêmicos - só se tem a suprema heresia perante esses produtos: eles gostam, amam! Muito mais do que dos nossos teóricos, dos textos profundos, das visões de mundo sofisticadas (do nosso lugar, claro!).
E se tem um trem que aqueles pedagogos inspiradores das tais metodologias ativas também nos ensinaram é que o melhor caminho para se construir o conhecimento é aquele pavimentado pelo gostar, pelo que faz sentido e sentimentos, pela rede de objetos simbólicos de afeto que cerca o aprendiz. Sim, é possível ensinar pela dor, mas só se aprende pelo fervor.
Mas, e o senhor, o que está fazendo a respeito? Então.... vai aí o merchan!
A estreia homenageia o Dia do Educador |
Observando muitas referências em séries, filmes e jogos, nós vimos um dia a compartilhar com nossa farta audiência (no caso dele) todo os ensinamentos que várias dessas mídias no trazem de forma objetiva. Veja que legal ficou a lista dos cinco episódios: o que podemos aprender com 1 e 2 WandaVision (com um dos episódios centrados no confronto entre magia e ciência), 3) os games, 4) os zumbis e 5) a série The Boys.
O NerdEducação é um videocast feito de fã para fã, mas também para educadores que gostam ou acreditam na cultura pop. A ideia é entregar informação, mas também um jeito de colocar a educação e cultura nas mídias nas pautas pedagógicas. A maneira como se conduz o programa - iniciando-se pela diferença de gerações entre os apresentadores - pode servir de inspiração para levar à sala de aula. A estreia é nessa sexta-feira, dia 6 de agosto, dia do Profissional da Educação no IGTV e YouTube Nintendólatras. Mas vai ficar no acervo para consultas.
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