As profissões do futuro já chegaram!

Quem ajudará essa moça? Imagem de Comfreak por Pixabay

 Em algum momento já escutamos algo em torno de "as profissões do Séc. XXI ainda vão ser inventadas". Pois bem, já entramos na segunda década e não temos mais o luxo de ficar especulando sobre um século onde já estamos imersos até os joelhos (embora temos a sensação que já estar ali pelo queixo). Mesmo que eu defenda que só agora, com a pandemia, é que verdadeiramente estamos entrando no novo século, já dá para ver que algumas novas profissões estão rodando, que quem as exerce não imaginava que o faria quando estava na escola. Imagino que tem mais, mas as que consegui lembrar estão listadas:

Jornalista Investigativo de Fake News: O antigo, desprestigiado e posteriormente eliminado 'checador' nas redações, com funções geralmente relegadas aos estagiários, é o avô desse novo profissional. Agências de notícias andam perdendo importância frente às agências de checagem de boatos e fake news, que são contratadas justamente pelas redações tradicionais das emissoras de TV e rádio, e pelos jornais online. O legal? Quem está trabalhando nessas empresas, quando passaram pelas escolas, não tinham a mínima ideia que onde estariam trabalhando hoje, embora todo o conhecimento teórico e prático para a sua construção profissional é fundamental para o exercício da atividade.

Juizes de Inteligência Artificial: Já rola decisões na Justiça brasileira realizadas pela Inteligência Artificial dos tribunais. Cabe ao Juiz apenas fazer uma revisão dos parâmetros que a IA utilizou para sua proposta de decisão, economizando milhares de horas de um jurista analisando e comparado casos semelhantes. Em outros países, também já acontece, gerando polêmicas de toda ordem, mas também eliminando até a figura do magistrado em pequenas causas. O que abre um novo emprego, o de Desembargador de IA, ou seja, o magistrado que vai contestar a decisão tomada pelo 'juiz-robô'. E, não, não é a mesma coisa dos atuais juízes: esse novo profissional deverá entender de programação, bancos de dados, parâmetros digitais, critérios de armazenamento, lógica computacional.... nada disso ensinado na faculdade de Direito.

Psicólogo de IA: Na mesma linha anterior, o caso Tay, o robô criado pela Microsoft para interagir com as redes sociais em 2016 e que teve que ser tirado do ar em 24 horas porque desenvolveu uma personalidade machista, ninfomaníaca e nazista, mostra o quanto a existência desse profissional já está no organograma dos atuais programas de Inteligência Artificial. Uma das dúvidas é: será um TI com disciplinas na psicologia e ciências humanas, ou um psicólogo que entende de sistemas? Porque será necessário, tanto nesse caso como demais que envolvem a IA, uma pegada interdisciplinar entre essas áreas e outras (o Direito, a Sociologia...). Não serão poucos os novos dilemas morais, éticos e legais.

Advogado de Direito Digital: esse já está no mercado há um tempo (não muito), mas com a efetivação da LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados, sua atuação será ainda maior. Neste momento, existem escritórios especializados e, como o Direito é mesmo criativo em dividir ainda mais o seu campo, há expertos em áreas específicas, como as redes sociais e cuidado com a imagem virtual.

Data Protection Officer (DPO): falando em LGPD, a lei obriga a criação, pelas empresas, de um gerente de proteção de dados, que ficará responsável, inclusive, por responder judicialmente pelo uso das informações dos clientes. É responsável também pela interface com os usuários, sendo clientes ou equipe, em situações delicadas como solicitação ou impedimento de uso de dados pessoais. Terá que ser um sujeito interdisciplinar, com pegadas em TI, gestão de dados e de pessoas, relações públicas, Direito, psicologia social.... 

Advogado de IA: ainda no campo jurídico, fico curioso para saber quem foi defender o carro autônomo da Tesla que causou a primeira morte no trânsito. Pela complexidade do que deve ser... Ora, se um filho causa um acidente, é fácil: lá estão os pais, que serão, no máximo, dois, para imputar a responsabilidade. E no caso do robô, onde centenas de 'pais', das mais diversas áreas, tomaram parte da gestação? O que teria matado o pobre ciclista: o design, a programação, os sensores... E caso haja alguma culpabilidade da vítima (transitar em área inadequada), por ser um robô ele não teria direito à defesa? Com a IA espalhada para todos os cantos, serão inúmeros os casos. O sujeito terá que ler muito Isaac Azimov...

Analista e Mídia de Redes Sociais: nem preciso explicar, profissão emplacada depois que surgiu há alguns anos. E dá a impressão, para os pobres publicitários, que o mercado lhe dá mais consideração que o glamourizado diretor de arte... 

Analista de Big Data: lembra daquele jargão de que se deve olhar a floresta, ao invés da árvore? Esse pessoal está olhando o planeta. A todo instante se gera dados (agora, por exemplo, enquanto lê) e não é mais entender as pessoas, o consumo, pelas questões do formulário ou pelo seu histórico de compra no cartão de crédito. É da curtida na página de pets ao tema do doutorado, dados que constroem perfis múltiplos, conforme a necessidade de quem analisa. Tem que ter uma visão holística que me parece meio cósmica. E, como nos exemplos anteriores, não pode ser um profissional só de números (senão, é só deixar para a IA resolver). Terá que ter a pegada humana para entender o que eles dizem verdadeiramente sobre nós.

Influenciador Digital Social Pop: a figura do Felipe Neto é o resumo: quebrou a barreira entre os influencers pop, mas sem profundidade, que, pela análise 'séria', iam de pura entretenimento supérfluo a terríveis influenciadores negativos da juventude; os educadores digitais, youtubers com videos educativos (e de uso nobre da rede); e os influenciadores celebridades, tipo Mário Sergio Cortella e Drauzio Varella. Agora é possível juntar duas ou as três características em um só, e viver disso. E nem precisa ter milhões de seguidores. Se houver um nicho específico, ou mesmo um território, como um bairro, uma pequena cidade, esse influenciador social pop pode ter seu pequeno 'negócio virtual', sendo remunerado pelas plataformas de videos, anunciantes e patrocinadores. Ou seja, está aqui também o Influenciador de Nicho e o Influenciador Regional/Local.

Professor de Professor para EaD, aulas híbridas e produção audiovisual: ah, professor de professor sempre existiu. Bem, primeiro, raramente as escolas de formação de docentes ensinam como usar os meios de comunicação eletrônicos (quando não os xingam abertamente como uma manifestação do demônio). O desespero dos colegas professores no início da pandemia mostrou bem a necessidade dessa formação. Assim como precisa de muito pouco para que professores aprendam. Sinto que tomaram gosto pra coisa e estão cada vez mais procurando e ajudando outros colegas. Até surgiu uma espécie de cargo técnico de apoio, o fazedor de tutorial.

Paleoartista: é o paleontólogo que traduz em desenhos e animações realistas a nossa pré-história, a partir dos fósseis e até mesmo cacos de esqueletos. É uma maravilha para a educação. Tomara que incentivem a ampliar os ainda incipientes químioartistas, fisioartistas, bioartistas, matemartistas.... Cada vez mais teremos uma educação audiovisual sobrepondo (sem mérito de valor) ao textual.

Telemédicos, telepsicólogos, telefisioterapeutas, telefonodiólogos...: Só faltavam os médicos aderirem, pois os demais profissionais da saúde já trabalhavam, mesmo sob narizes torcidos dos mais ortodoxos. A pandemia, e a baixa na receita, fizeram que esses últimos notassem que, mesmo com algum prejuízo, há melhor benefício nos atendimentos a distância, principalmente para os pacientes e clientes. O presencial ainda continua sendo fundamental, mas está claro que uma parte considerável do atendimento prescinde de deslocamento, espera em sala de recepção, espaço na agenda, entrega de exames em mãos. E que, assim, muito mais pessoas podem ser atendidas.

Piloto de Drone: já está fazendo concorrência com motoboy, acabou com o cinegrafista aéreo, está tirando emprego de aviador militar ao redefinir um novo protocolo de guerra

Amigo de Aluguel: depois do marido de aluguel, o novo nome do 'faz-tudo' da vizinhança que qualificou-se, agora cresce o número de pessoas que são pagas para fazer companhia, principalmente para idosos. É diferente do Cuidador, que já existia, mas agora está se profissionalizando. É uma vertente da também existente vizinha-babá. Acredito que, em breve, dado ao isolamento em que as pessoas estão se colocando (bem antes da pandemia), será capaz de chamar um para tomar uma cerveja...

Parapsicólogo descartável: mais conhecido como Coaching. Usou por tempo limitado, com resultado ou não, joga fora. Mesmo porque, se precisar de novo, é só balançar a árvore que caem cinco. Em versões pessoal, social ou corporativa.

Se lembrar de mais algum, escreva!! Mas vai preparando a prole...

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