Primeira ou segunda tela? Tanto faz, uma delas é a TV

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São mais dados da Pesquisa Brasileira de Mídia 2016, que já começamos a falar aqui, comparando a 'velha' televisão e sua possível algoz internet. Pois bem, a televisão continua sendo o meio de comunicação mais utilizado, mas é inegável que a internet está chegando. Na faixa entre 16 a 24 anos a rede de computadores já passou a TV. "Está vendo? Os jovens vão acabar com a TV!", dirão os detratores do meio eletrônico ainda mais popular. Mas vamos devagar com o andor, pois os dados da pesquisa que foram divulgados não apontam o que se está acessando na internet. Mas todos sabem que, além das redes sociais, são videos, videos e mais videos. E o crescimento de plataformas com conteúdo típico de TV (séries, novelas, programas temáticos, transmissão de jogos) pode dar uma dica de que, se há algo em decadência, seria o televisor, não a televisão.


Fonte: Pesquisa Brasileira de Mídia 2016
Mesmo assim, tenho lá minhas dúvidas, depois de ver filas de consumidores comprando televisores no final de ano. Será mesmo que as pessoas vão abrir mão de ver televisão? A pesquisa mostra alguns dados interessantes. Quando os resultados expandem-se para duas menções de mídias utilizadas, a TV salta para quase 90% das pessoas. Não coincidentes aos quase 97% dos lares brasileiros com uma televisão. Como hoje é comum o uso de mais de um aparelho por vez (77% dos que assistem TV e 64% dos que acessam a internet, só para pegar esses dois exemplos expostos pela pesquisa), se vê bem que a televisão já está sabendo manter o seu espaço. Ou seja, se como primeira tela ela é ainda majoritária, mas anda perdendo público, sua consolidação como segunda tela se mostra bastante eficaz. De qualquer maneira, está ganhando.

Fonte: Pesquisa Brasileira de Mídia 2016

Mas é certo: quanto mais jovem, mais escolarizado, melhor a renda familiar, menos tem a TV como primeira opção. Não faz mais diferença o tamanho e tipo do município quanto às amostragens, o que mostra que a internet não esperou o programa de banda larga para entrar na vida das pessoas, o fazendo pela telefonia móvel mesmo. A pergunta que fica é, como o Brasil tem poucas chances de mudar seu quadro de divisão de classes sociais, qual a tendência desses números mudarem? Sim, porque se acessar internet como fonte primordial, e largar a TV, for uma questão de escolarização, de ampliação de renda familiar ou de amadurecimento, taí três importantes fatores que manterão (ou melhorarão) a presença majoritária da televisão.

Uma curiosidade é o pico dos evangélicos, especificamente da igreja Universal Reino de Deus, onde 77% preferem a TV. Segundo colocado, mas bem abaixo, os católicos (66%) e os que se declaram da Assembleia de Deus (65%). Pelo jeito, o investimento nas redes de TV religiosas, assim como o aluguel dos espaços nas emissoras tradicionais, por mais que constranja a própria Constituição Brasileira, têm dado um certo resultado. E porque as instituições não querem largar o osso.

Fonte: Pesquisa Brasileira de Mídia 2016

Algumas outras curiosidades, a primeira assustadora para pais, educadores e nutricionistas: tanto àqueles que assistem TV, como acessam a internet, quando perguntados qual a atividade que costumam fazer ao mesmo tempo, tiveram como primeiro lugar "come alguma coisa", sendo 35% para os telespectadores e 21% para os internautas. Se um em cada três comem vendo televisão, e entre cinco acessando internet, e cada um deles o fazem por horas, tal dado é preocupante para a já alta taxa de obesidade e doenças ligadas ao consumo de porcarias, já que raramente alguém faz isso comendo um sanduíche natural...

Já uma boa notícia é que "conversar com outra pessoa" ou acessar aparelhos e dispositivos para tal, também estão entre as atividades preferidas, o que mostra o aspecto da socialização, e uma fuga da tendência da individualização do consumo da mídia.

Por fim, entre os dados curiosos, 4% declararam que assistem TV tomando banho! Pode parecer um número pequeno, mas levado para a proporcionalidade da população brasileira, cerca de 4 milhões de pessoas têm esse hábito!  Imagina o impacto na conta de energia? Será que há muitos casos de eletrocutados? Chocante!

A Pesquisa Brasileira de Mídia é rica em mais dados. Qualquer um pode, e deve, fazer também suas próprias análises, já que é um levantamento público. O levantamento, estatisticamente, foi de fôlego, com mais de 15 mil entrevistas domiciliares face a face, em 740 municípios, entre março e abril de 2016. Foi encomendada, por licitação pública, pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, e realizada pelo Instituto IBOPE Inteligência.

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