Primeira ou segunda tela? Tanto faz, uma delas é a TV
Pixabay CC0 Public Domain |
São mais dados da Pesquisa Brasileira de Mídia 2016, que já começamos a falar aqui, comparando a 'velha' televisão e sua possível algoz internet. Pois bem, a televisão continua sendo o meio de comunicação mais utilizado, mas é inegável que a internet está chegando. Na faixa entre 16 a 24 anos a rede de computadores já passou a TV. "Está vendo? Os jovens vão acabar com a TV!", dirão os detratores do meio eletrônico ainda mais popular. Mas vamos devagar com o andor, pois os dados da pesquisa que foram divulgados não apontam o que se está acessando na internet. Mas todos sabem que, além das redes sociais, são videos, videos e mais videos. E o crescimento de plataformas com conteúdo típico de TV (séries, novelas, programas temáticos, transmissão de jogos) pode dar uma dica de que, se há algo em decadência, seria o televisor, não a televisão.
Fonte: Pesquisa Brasileira de Mídia 2016 |
Fonte: Pesquisa Brasileira de Mídia 2016 |
Mas é certo: quanto mais jovem, mais escolarizado, melhor a renda familiar, menos tem a TV como primeira opção. Não faz mais diferença o tamanho e tipo do município quanto às amostragens, o que mostra que a internet não esperou o programa de banda larga para entrar na vida das pessoas, o fazendo pela telefonia móvel mesmo. A pergunta que fica é, como o Brasil tem poucas chances de mudar seu quadro de divisão de classes sociais, qual a tendência desses números mudarem? Sim, porque se acessar internet como fonte primordial, e largar a TV, for uma questão de escolarização, de ampliação de renda familiar ou de amadurecimento, taí três importantes fatores que manterão (ou melhorarão) a presença majoritária da televisão.
Uma curiosidade é o pico dos evangélicos, especificamente da igreja Universal Reino de Deus, onde 77% preferem a TV. Segundo colocado, mas bem abaixo, os católicos (66%) e os que se declaram da Assembleia de Deus (65%). Pelo jeito, o investimento nas redes de TV religiosas, assim como o aluguel dos espaços nas emissoras tradicionais, por mais que constranja a própria Constituição Brasileira, têm dado um certo resultado. E porque as instituições não querem largar o osso.
Fonte: Pesquisa Brasileira de Mídia 2016 |
Algumas outras curiosidades, a primeira assustadora para pais, educadores e nutricionistas: tanto àqueles que assistem TV, como acessam a internet, quando perguntados qual a atividade que costumam fazer ao mesmo tempo, tiveram como primeiro lugar "come alguma coisa", sendo 35% para os telespectadores e 21% para os internautas. Se um em cada três comem vendo televisão, e entre cinco acessando internet, e cada um deles o fazem por horas, tal dado é preocupante para a já alta taxa de obesidade e doenças ligadas ao consumo de porcarias, já que raramente alguém faz isso comendo um sanduíche natural...
Já uma boa notícia é que "conversar com outra pessoa" ou acessar aparelhos e dispositivos para tal, também estão entre as atividades preferidas, o que mostra o aspecto da socialização, e uma fuga da tendência da individualização do consumo da mídia.
Por fim, entre os dados curiosos, 4% declararam que assistem TV tomando banho! Pode parecer um número pequeno, mas levado para a proporcionalidade da população brasileira, cerca de 4 milhões de pessoas têm esse hábito! Imagina o impacto na conta de energia? Será que há muitos casos de eletrocutados? Chocante!
A Pesquisa Brasileira de Mídia é rica em mais dados. Qualquer um pode, e deve, fazer também suas próprias análises, já que é um levantamento público. O levantamento, estatisticamente, foi de fôlego, com mais de 15 mil entrevistas domiciliares face a face, em 740 municípios, entre março e abril de 2016. Foi encomendada, por licitação pública, pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, e realizada pelo Instituto IBOPE Inteligência.
Comentários
Postar um comentário