Mitos e fatos sobre o futuro da TV paga, segundo a consultoria IHS
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Por Samuel Possebon, de Amsterdã - Tela Viva News - TV por assinatura sexta-feira, 14 de março de 2014, 9h38
Nas discussões sobre o futuro da TV por assinatura e da televisão, surgem algumas profecias catastróficas. Mas a análise desses mitos mostra uma realidade bem diferente, diz Guy Bisson, diretor de TV da consultoria IHS.
Veja a análise da consultoria sobre alguns desses mitos, apresentados durante o Cable Congress 2014, congresso de operadores de TV paga europeus que aconteceu esta semana em Amsterdã:
1) "Ninguém mais assiste à TV" – Segundo os dados de audiência coletados nos últimos anos na França, Alemanha, Espanha e Itália, a audiência da TV linear ainda está crescendo, com uma leve tendência de queda nos EUA e estabilização no Reino Unido.
2) "VoD está tomando o lugar da TV linear" – O número das pessoas que ainda assistem TV linear ainda ganha disparado. 82% da audiência nos EUA é linear. Outros 9% assistem primordialmente o conteúdo gravado em DVR. E apenas 9% priorizam conteúdos online e sob demanda. Na Europa, os números são, respectivamente, 84% para TV linear, 11% para DVR e 5% para on demand. Em 2017, a expectativa é que a audiência linear ainda corresponda a 76% da audiência, segundo a IHS.
3) "Os serviços OTT estão acabando com o mercado de TV paga" – Em termos econômicos, OTT é uma indústria de US$ 5 bilhões nos EUA contra US$ 94 bilhões dos serviços de TV tradicionais. Essa proporção não muda nos próximos cinco anos.
4) "O set-top box está morrendo" – Os dados mostram que pelo menos até 2015 deve continuar a crescer o mercado de set-tops, sobretudo pelos set-tops HD e DVRs, com uma estabilização entre 2015 e 2017.
5) "As TVs conectadas vão agregar todos os serviços" – Ainda não surgiu uma ferramenta de integração de todos os conteúdos em uma única interface, de modo que o "dono" do espectador ainda é o dispositivo que se conecta à TV.
6) "O conteúdo é o rei" – Do ponto de vista econômico, segundo a consultoria IHS, as despesas com acesso foram de 250 bilhões de euros em 2008, mantiveram o patamar em 2012 e devem manter esse padrão até 2016 Já as despesas com dispositivos foram de quase 100 bilhões de euros em 2008, passaram de 100 bilhões de euros em 2012 e devem manter o patamar em 2016. Já as despesas com conteúdo foram de cerca de 60 bilhões de euros em 2008, chegaram a 65 bilhões em 2012 e devem chegar a 75 bilhões de euros em 2016. Ou seja, a maior parte das despesas das pessoas continua sendo em acesso e em dispositivos, não em conteúdos.
7) "O produtores de conteúdo irão direto para o consumidor, sem intermediários" – O problema para isso acontecer é compensar as perdas de receita das formas tradicionais de distribuição. Segundo a IHS, apenas no Reino Unido, para compensar a perda de receitas geradas pelos meios tradicionais aos preços praticados hoje nos modelos OTT, os produtores de conteúdo teriam que adicionar mais 5,6 milhões de clientes à base, sem perder nenhum.
8) "Apesar do crescimento do mercado OTT, os operadores tradicionais ainda vão ser os donos dos clientes" – É preciso considerar que os mesmos consumidores das operadoras de telecomunicações e TV paga tradicionais também são "consumidores" da Apple, Netflix e Google, por meio de produtos como o Android, iPhone etc., e as taxas de aquisição de novos clientes desses provedores é muito maior.
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